Queridos irmãos e irmãs,

Hoje a Igreja celebra com alegria a memória de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, mestre da vida espiritual e homem profundamente apaixonado por Deus. Um homem que, ao se deixar conquistar por Cristo, tornou-se sinal claro de que a santidade se constrói no seguimento radical do Evangelho e na busca contínua da vontade divina.

A liturgia da Palavra nos oferece imagens muito significativas para refletirmos sobre a vida deste grande santo e, ao mesmo tempo, sobre o nosso próprio caminho de fé.

Na primeira leitura, vemos como Moisés cumpre fielmente o que o Senhor ordenou: a construção da Tenda da Reunião, o lugar da presença de Deus no meio do povo. Quando a obra está concluída, a nuvem da glória do Senhor cobre a tenda e manifesta que Deus habita ali. Essa presença orientava o povo em sua caminhada: quando a nuvem se levantava, o povo partia; quando permanecia, o povo acampava.

Santo Inácio, ao fundar a Companhia de Jesus, quis que seus companheiros fossem como esse povo: sempre disponíveis para ir aonde o Senhor mandar, discernindo sua vontade, atentos aos sinais da presença divina. A espiritualidade inaciana se baseia justamente nisso: “buscar e encontrar Deus em todas as coisas” e deixar-se conduzir por Ele.

O salmo 83 expressa o anseio do coração humano por Deus: “Minha alma desfalece de saudades e anseia pelos átrios do Senhor”. Esse desejo ardente foi o que moveu Inácio após sua conversão. Antes seduzido pelas glórias do mundo e da guerra, ele passou a buscar com todo o seu ser a glória de Deus, que se tornou o centro de sua vida. Para ele, estar com Deus era o bem maior, e tudo mais era avaliado a partir dessa relação.

No Evangelho, Jesus nos apresenta a parábola da rede lançada ao mar, que apanha peixes de todos os tipos. A imagem da rede nos remete à missão da Igreja e ao chamado à vigilância e discernimento. Ao final dos tempos, haverá separação entre o que é bom e o que é inútil. Santo Inácio compreendeu profundamente esta verdade e, por isso, propôs nos seus Exercícios Espirituais um método eficaz para discernir o que conduz a Deus e o que nos afasta d’Ele.

Ele não buscava apenas formar bons religiosos, mas homens e mulheres capazes de escolher, com liberdade interior, aquilo que mais agrada ao Senhor. A vida cristã, segundo Inácio, deve ser continuamente revista, examinada, purificada — como os peixes separados na rede — para que sejamos encontrados dignos do Reino.

Queridos irmãos, celebrar Santo Inácio é redescobrir a beleza de uma vida centrada em Deus, guiada pelo discernimento e movida pelo amor generoso à missão. Que aprendamos com ele a buscar a maior glória de Deus em tudo o que somos e fazemos, a desejar profundamente a presença do Senhor, e a nos deixar conduzir pela sua luz.

Que a Eucaristia de hoje nos inflame o coração, como inflamou o de Inácio, para que também nós sejamos, em nosso tempo, sinais vivos do Reino de Deus.

Amém.

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