Queridos irmãos e irmãs,

As leituras que hoje a liturgia nos apresenta nos conduzem ao coração da experiência com Deus: uma experiência transformadora, luminosa e cheia de valor. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, vemos que aquele que encontra-se verdadeiramente com o Senhor jamais permanece o mesmo.


No livro do Êxodo, Moisés desce do monte com as tábuas da aliança. Ele esteve na presença de Deus, e isso o marcou de forma visível: seu rosto resplandecia. A luz que emanava dele não vinha de si mesmo, mas era reflexo da glória divina com a qual ele teve contato. Esse episódio nos revela que estar com Deus transforma não apenas o coração, mas irradia para fora, impacta os outros. Moisés, ao falar com Deus, tornou-se um espelho da luz divina.


E aqui há uma grande lição para nós: nossa oração não pode ser apenas palavras ditas ou ritos cumpridos por obrigação. O verdadeiro encontro com Deus nos transforma por dentro e deve transparecer em nossas atitudes, em nossa forma de viver, em nosso rosto — no modo como olhamos, escutamos e amamos.


O salmo 98 nos recorda a santidade do Senhor, que se manifesta na justiça, no perdão e na proximidade com aqueles que O invocam. Ele se revelou a Moisés, Aarão e Samuel, mas continua se revelando hoje àqueles que O buscam com fé sincera. A glória de Deus não está distante de nós: ela deseja fazer morada em nosso coração.


No Evangelho, Jesus nos fala do Reino de Deus por meio de duas parábolas breves, mas poderosas: o tesouro escondido e a pérola preciosa. Em ambas, o ponto central é o mesmo: quem descobre o Reino, quem encontra a presença de Deus, é tomado por uma alegria tão grande que é capaz de deixar tudo para viver por inteiro essa nova realidade.


O Reino de Deus não é uma ideia abstrata nem uma promessa vaga. Ele é a experiência concreta de viver com Deus e por Deus, de colocar Cristo no centro da vida. Mas isso exige uma escolha, um movimento de desprendimento. O homem do campo vende tudo por causa do tesouro; o comerciante entrega tudo por causa da pérola. Assim também deve ser o discípulo: disposto a renunciar ao supérfluo, ao pecado, às seguranças humanas, para abraçar o que realmente tem valor eterno.


Essas parábolas nos questionam: o que temos considerado como nosso maior tesouro? O que ocupa o centro do nosso coração? Estamos dispostos a “vender tudo”, ou seja, a renunciar ao que nos afasta de Deus, para possuir o Reino?


Hoje, à luz da Palavra, somos convidados a subir também ao monte da oração, como Moisés, e a permitir que a luz de Deus transforme nosso rosto e nossa vida. E, como os personagens do Evangelho, somos chamados a buscar com ardor o Reino, e a escolher, com alegria, viver para Aquele que é nosso maior tesouro.


Que a Eucaristia, esse grande dom do Reino já presente entre nós, nos faça brilhar com a luz de Cristo e nos ajude a viver com sabedoria, colocando sempre Deus em primeiro lugar.


Amém.

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