Queridos irmãos e irmãs,

A Liturgia da Palavra de hoje nos convida a meditar sobre o agir poderoso de Deus na história da salvação e a nossa resposta de fé diante d’Ele. As leituras nos colocam diante de dois momentos importantes: o livramento do povo de Israel no mar Vermelho e a advertência de Jesus aos que exigiam sinais para crer. Ambas nos chamam à confiança em Deus e à abertura sincera do coração para reconhecer os sinais que Ele já realiza entre nós.


Na primeira leitura, retirada do livro do Êxodo, vemos o povo de Israel às portas da libertação completa do Egito. Após tantas maravilhas, o coração do faraó ainda se endurece. E Deus permite que isso aconteça para manifestar ainda mais claramente o seu poder e a sua glória. O povo está acuado, com o exército egípcio atrás e o mar à frente. Humanamente, tudo parece perdido. Mas é nesse cenário de desespero que o Senhor intervém de modo surpreendente: abre o mar, faz o povo passar a pé enxuto e derrota os inimigos. É o sinal da libertação, da vitória da vida sobre a morte, da fidelidade de Deus às Suas promessas.


O cântico do Êxodo que ouvimos no Salmo é a resposta do povo a essa intervenção divina. "Cantemos ao Senhor, que fez brilhar a sua glória!" O povo reconhece: "Minha força e meu canto é o Senhor". Este salmo é mais do que uma celebração da vitória; é uma profissão de fé no Deus que salva, que luta por seu povo, que jamais abandona aqueles que confiam n’Ele.


Mas o Evangelho nos apresenta um contraste doloroso. Diante de Jesus, os escribas e fariseus pedem um sinal. Não bastavam os milagres, curas, expulsão de demônios, pregações e gestos de compaixão. O coração deles estava endurecido. Por isso, Jesus não cede ao pedido. Ele diz que o único sinal será o de Jonas — ou seja, o da conversão. Assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, Jesus será sinal para aquela geração. E não um sinal espetacular, mas um sinal que exige fé: sua morte e ressurreição.


Jesus aponta ainda para a Rainha do Sul e para os ninivitas como exemplos de pessoas que souberam reconhecer a presença de Deus sem precisarem de prodígios extraordinários. E afirma que algo maior do que Salomão e Jonas está ali — Ele próprio, a plenitude da revelação de Deus.


Queridos irmãos e irmãs, esta Palavra nos provoca a um exame de consciência: o que temos feito com os sinais de Deus em nossa vida? Estamos atentos às pequenas e grandes manifestações do Seu amor? Ou, como os fariseus, vivemos pedindo provas, esquecendo-nos de que a maior de todas já foi dada: Jesus Cristo morto e ressuscitado?


Que o Senhor nos conceda um coração como o do povo que canta a libertação, como o dos ninivitas que se converteram diante da pregação, como o da Rainha do Sul que buscou a sabedoria. Que não sejamos uma geração de corações endurecidos, mas discípulos confiantes que, mesmo no meio do mar revolto, sabem que Deus age e salva.


Amém.

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