Queridos irmãos e irmãs,

O Evangelho que hoje escutamos nos apresenta uma cena que, à primeira vista, pode parecer estranha: enquanto Jesus está ensinando, sua mãe e seus irmãos chegam e querem falar com Ele. Alguém o avisa, e então Jesus responde com uma pergunta desconcertante: “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” E, apontando para os seus discípulos, Ele diz: “Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.”

Essa resposta de Jesus não é uma rejeição à sua família, muito menos a Maria, sua mãe. Na verdade, é uma elevação. Jesus não está desvalorizando os laços de sangue, mas revelando que há um vínculo ainda mais profundo e mais duradouro: o vínculo espiritual, fundado na obediência à vontade de Deus. Ele inaugura uma nova realidade, uma nova família, unida não pelo sangue, mas pela fé e pela vivência da vontade do Pai.


Maria, ao contrário do que alguns podem pensar, não é excluída dessa nova família. Ao contrário, ela é o seu maior exemplo. Maria é aquela que mais plenamente cumpriu a vontade de Deus. Quando o anjo anunciou o nascimento de Jesus, ela respondeu com humildade e fé: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra.” Ao longo de toda a sua vida, Maria foi aquela que escutou, acolheu e viveu a Palavra. Por isso, ela é Mãe de Jesus não apenas na carne, mas sobretudo na fé.


Jesus, com suas palavras, convida todos nós a sermos parte dessa família espiritual. Não se trata de um privilégio reservado a alguns, mas de uma vocação aberta a todos: fazer a vontade de Deus. E fazer a vontade de Deus não é algo abstrato. É viver o Evangelho no dia a dia, com fidelidade, com amor, com humildade. É perdoar, servir, escutar, rezar, partilhar. É lutar contra o egoísmo, vencer o orgulho, buscar sempre a verdade e a justiça.


Essa nova família, anunciada por Jesus, é a Igreja. Nós somos chamados a viver como irmãos e irmãs, unidos não por interesses humanos, mas pelo Espírito que recebemos no batismo. Cada vez que vivemos a Palavra, nos tornamos verdadeiros parentes de Cristo. Cada vez que fazemos a vontade do Pai, nos aproximamos do coração de Jesus.


Este Evangelho nos convida a refletir: qual o lugar da Palavra de Deus na minha vida? Tenho vivido como irmão, irmã de Jesus, sendo fiel ao que o Pai me pede? Ou estou apenas na multidão, admirando de longe, sem me comprometer com a transformação que o Evangelho exige? Ser parte da família de Jesus é um dom, mas também é um compromisso. É preciso viver como Ele viveu, amar como Ele amou, entregar-se como Ele se entregou.


Que esta Palavra nos desperte o desejo de pertencermos, cada vez mais profundamente, a essa família do Reino. Que possamos dizer com nossa vida: “Senhor, eu quero ser teu irmão. Quero viver segundo a vontade do Pai.” E que, como Maria, sejamos discípulos fiéis, guardando a Palavra no coração e deixando que ela produza frutos de santidade.


Amém.

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