Amados irmãos e irmãs,
O Evangelho de hoje nos apresenta um momento forte da pregação de Jesus. Ele não fala com doçura, mas com firmeza. Começa a repreender as cidades onde havia realizado muitos milagres, porque, apesar de tudo o que viram, não se converteram.
Corazim, Betsaida e Cafarnaum foram lugares agraciados com a presença do Filho de Deus. Ouviram suas palavras, testemunharam seus sinais, viram paralíticos andarem, cegos enxergarem, corações serem restaurados. No entanto, o que deveria ter sido causa de alegria e mudança de vida, tornou-se motivo de condenação, porque o coração permaneceu fechado.
Jesus, então, faz uma comparação dura: se os mesmos sinais tivessem sido realizados em cidades pagãs como Tiro, Sidônia e até mesmo Sodoma, aquelas teriam se arrependido. Isso nos mostra que Deus não mede tanto o passado do pecador, mas a disposição do coração para recomeçar. O que mais fere o coração de Deus não é o pecado em si, mas a indiferença diante da sua graça.
Esse Evangelho é um forte apelo para nós. Quantas vezes também presenciamos milagres de Deus em nossas vidas? Quantas vezes ouvimos sua Palavra, sentimos sua presença, recebemos sua misericórdia... mas permanecemos os mesmos? Vivemos como se nada tivesse acontecido?
A fé verdadeira exige resposta concreta. Não basta ver os sinais, é preciso mudar de vida. Não basta ouvir a Palavra, é preciso colocá-la em prática. A conversão é o sinal mais claro de que compreendemos a ação de Deus.
Jesus também nos lembra que, quanto mais recebemos, mais será exigido de nós. Cafarnaum, que foi exaltada pela presença de Cristo, é advertida com severidade, porque teve todas as oportunidades, mas preferiu manter-se acomodada. Da mesma forma, nossas comunidades, nossas famílias e até nós mesmos — que conhecemos o Evangelho, participamos da vida da Igreja, recebemos tantos dons — somos chamados a viver com coerência aquilo que professamos com os lábios.
Peçamos ao Senhor que nos livre da fé morna, da vida cristã superficial, da religião sem compromisso. Que possamos reconhecer os sinais da sua presença e responder com o coração sincero, humilde e arrependido.
Porque quem ouve a Palavra e não muda de vida, se torna como essas cidades: tiveram tudo, mas não deram fruto. E onde não há fruto, a fé se apaga.
Hoje é tempo de conversão. O amanhã pode ser tarde. Que não sejamos censurados por termos recebido tanto e feito tão pouco. Ao contrário, que cada graça que Deus nos concede nos conduza a uma vida nova, mais santa, mais generosa e mais fiel.
Amém.
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