Amados irmãos e irmãs em Cristo,

As leituras de hoje nos colocam diante do contraste entre a fidelidade de Deus e a infidelidade do povo. É uma experiência humana antiga e, ao mesmo tempo, sempre atual: a tentação de se afastar de Deus para buscar seguranças fáceis, ídolos que satisfazem de imediato, mas que não salvam.

No livro do Êxodo, contemplamos a dura realidade do povo que, mesmo após ter experimentado a libertação do Egito e os sinais poderosos do Senhor, constrói para si um bezerro de ouro. Moisés, ao descer do monte, encontra o povo entregue à idolatria. É um retrato da fragilidade do coração humano, que facilmente esquece as obras de Deus e se curva diante de falsos deuses.

Moisés se destaca nesse episódio não apenas como líder, mas como intercessor. Ele assume a dor do pecado do povo e sobe novamente à presença do Senhor para pedir perdão. Há algo profundamente cristão nessa atitude: ela antecipa o papel do verdadeiro Mediador, Jesus Cristo, que carregou sobre si o pecado do mundo. Moisés nos ensina que a resposta ao pecado alheio não deve ser o desprezo, mas a intercessão; não a condenação, mas o clamor pela misericórdia.

O salmo 105 aprofunda essa memória dolorosa, lembrando o pecado do povo, mas também exaltando a bondade do Senhor. "Louvai o Senhor, porque ele é bom!" — canta o salmista, mostrando que a fidelidade de Deus supera a infidelidade humana. Ele é lento para a ira, rico em misericórdia, e sempre disposto a recomeçar conosco.

No Evangelho, Jesus nos fala do Reino de Deus por meio de parábolas simples, tiradas da vida cotidiana: o grão de mostarda e o fermento na massa. Ambas apontam para a lógica divina: o Reino começa pequeno, quase invisível, mas contém em si uma força transformadora. Deus trabalha no escondido, no silêncio, no interior dos corações. É ali que Ele planta a semente da sua Palavra e espera pacientemente que ela cresça e dê frutos.

Enquanto o povo do Êxodo buscava um deus visível, moldado segundo suas medidas, Jesus nos revela um Deus que atua na simplicidade, que transforma silenciosamente a história, como o fermento leveda toda a massa. Somos chamados, portanto, a confiar no modo de agir de Deus, a sermos pacientemente fiéis, mesmo quando não enxergamos de imediato os frutos da fé.

Hoje, somos convidados a rejeitar os ídolos do nosso tempo — o egoísmo, o consumismo, o prazer imediato — e a abrir espaço para que o Reino cresça em nós como uma semente de mostarda. Que sejamos também fermento no mundo, vivendo o Evangelho com coerência, mesmo nas pequenas coisas.

E como Moisés, sejamos intercessores: diante do pecado, rezemos; diante da infidelidade, supliquemos. Que nossa vida seja como o fermento — pequena, mas eficaz — na construção de um mundo mais conforme ao Reino de Deus.

Amém.

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